21 de janeiro de 2013

Caiu na rede? Pode não ser peixe!

Fêmea de toninha com filhote emalhados em uma rede. Foto: Museu Oceanográfico - Eliézer C. Rios

Os mamíferos marinhos e as atividades pesqueiras têm uma relação antiga, que pode resultar em benefícios ou ocasionar ferimentos e a morte destes animais.
O benefício ocorre quando os animais se aproveitam das atividades pesqueiras para “garantir o seu lanche”, alimentando-se das presas capturadas em redes ou espinhel, ou quando trabalham em cooperação com os pescadores, como ocorre com os botos-da-tainha em Laguna, no sul de Santa Catarina.
Porém, os resultados negativos desta relação são cada vez mais preocupantes.
A captura acidental é a captura não intencional de espécies que não são o alvo da pescaria. Em 1972, a “International Whaling Commission” (IWC) reconheceu oficialmente que a mortalidade de cetáceos nas atividades pesqueiras representa uma ameaça aos estoques populacionais destas espécies, sendo atualmente a captura acidental em aparelhos de pesca passivos (redes de espera e armadilhas) a mais séria ameaça a essas espécies em todo o mundo.
Estudos sobre a interação de cetáceos com a pesca em águas do litoral brasileiro vêm demostrando elevados níveis de capturas acidentais de diversas espécies, principalmente o boto-cinza e a toninha.

Boto-cinza com marcas de emalhamento em rede de pesca.
 No dia 08/01/2013, foi encontrado morto na Baía da Babitonga um juvenil de boto-cinza. Marcas presentes na região da cabeça são fortes evidências de que este golfinho morreu afogado em uma rede de pesca. O animal, com cerce de 1,60 m de comprimento, ainda não havia atingido a maturidade sexual.

Como minimizar este problema?
A conscientização da comunidade local é o primeiro passo a ser dado.
A utilização de petrechos de pesca que não capturem golfinhos acidentalmente é a alternativa mais eficiente, já que garante uma pescaria sem prejuízos para o pescador e para o meio ambiente! Mas muitos estudos ainda precisam ser feitos para encontrar outras alternativas, e os pescadores são importantes parceiros neste processo.


Carcaça de boto-cinza encontrada boiando na Baía da Babitonga, recuperada pela equipe do Projeto Toninhas.

Saber o número de golfinhos que morrem anualmente em redes de pesca é muito importante para avaliar a amplitude do problema. Por isso, é fundamental a colaboração da comunidade que deve avisar as instituições de pesquisa local sobre a ocorrência de golfinhos mortos nas praias ou boiando na água.
No litoral norte catarinense, avise a equipe do Projeto Toninhas da UNIVILLE!
Contatos:
Telefone: (47)3471 3805

3 de janeiro de 2013

Uma Babitonga de muitos golfinhos!

Botos-cinza na Baía da Babitonga.

A toninha não é a única espécie de golfinho de vive na Baía da Babitonga. O boto-cinza, um simpático golfinho da família Delphinidae, também escolheu a Babitonga para morar!
Desde 1996, pesquisadores da UNIVILLE vêm acompanhando esta espécie na região. A população, com cerca de 200 indivíduos, é residente, podendo ser avistada durante todo o ano dentro da baía.

Grupo de botos-cinza nadando próximos as Ilhas Araújo, na Baía da Babitonga.

O boto-cinza (Sotalia guianensis) é um cetáceo de pequeno porte, atingindo no máximo 2,10m quando adulto. Pode ser encontrado desde a Nicarágua, na América Central, até Florianópolis e em muitas regiões habita os ambientes estuarinos. É o parente mais próximo do tucuxi (Sotalia fluviatilis), que vive nos rios da Amazônia.
Como o próprio nome diz, a coloração do boto-cinza é cinza no dorso, com tons mais claros e rosados no ventre. A gestação dura de 11 a 12 meses. A fêmea dá à luz apenas 1 filhote a cada 2 anos. Filhotes podem ser vistos o ano todo, mas os nascimentos ocorrem com maior frequência entre a primavera e o verão. Os golfinhos em geral são muito zelosos, cuidando de seus filhotes até quase 2 anos ou mais. As fêmeas podem acompanhar a mãe por muitos anos.

Filhote de boto-cinza acompanhando sua mãe.

O boto-cinza vive muito próximo à zona costeira, o que o torna altamente vulnerável aos impactos de origem antrópica. No ano de 2012, o boto-cinza foi incluído na lista das espécies ameaçadas de extinção de Santa Catarina, devido à captura acidental em redes de pesca e a degradação do seu habitat. Aqui no Estado a espécie ocorre apenas na Baía Norte, em Florianópolis, e na Baía da Babitonga.

Boto-cinza saltando na Baía da Babitonga.